terça-feira, 11 de setembro de 2012

O Pequeno Guia de Água Salgada


             

Uma ajuda na Água Salgada
Pesquisa e adaptação: Buarquesense

O pequeno Guia de Água Salgada

Objetivo As informações que a seguir Vos forneço, são pequenas ‘dicas’ básicas que Vos podem ajudar nos Vossos aquários de água salgada, mas penso que não evitarão algumas dores de cabeça. Lembro que junto do Vosso fornecedor conseguirão informações mais detalhadas e bons livros (ou a indicação onde os adquirir) mais detalhados sobre estes assuntos.

Instalação Adquiram só equipamento garantido para água salgada. Um filtro de fundo (independentemente do que Vos possam dizer) é INDISPENSÁVEL para promover o desenvolvimento das bactérias Aeróbias e baixar a concentração das matérias tóxicas. Podemos otimizar a filtragem acoplando cabeças motorizadas nos exaustores de saída do filtro de fundo, ou para melhor resultado ligá-las a um filtro exterior. No caso de ter filtro exterior recordo aqui que a Vossa escolha deverá ser a de um bom material filtrante, que possa albergar de forma funcional as bactérias que serão o Vosso filtro biológico, portanto um substrato mais eficaz para a colonização bacteriana que permitirá a biodegradação e depuração continuada da água do Vosso aquário. Usem Areia de Coral de granulometria média (ou fina caso optem pela não instalação do filtro de fundo) a que podem adicionar Calcite, Casca de Ostra ou a famosa Dolomite (que de tanto falar nela qualquer dia reaparecerá no mercado) mas, na minha opinião devem procurar a Calcialith,
da Aquatic Nature, um dos melhores substratos quer para raptores de Cálcio ou para que obtenham um valor de pH entre 8,2 a 8,4 no período de iluminação. Encham o aquário, estabilizem a temperatura a 24ºC e acondicionem a água com Aqua Vivo M, ou outro que tenha a mesma qualidade e efeito.
. Passadas 48 horas adicionem o sal que escolheram até que o densímetro Vos dê leituras de 1,020 a 1,022.

População Uma pequena conta matemática de 8 litros de água para cada 2,5cm de peixe é o que Vos indico como mais aconselhado. Por exemplo: pode ter 30 peixes de 2,5cm ou 15 peixes de 5cm num aquário de 240 litros. Há 2 razões importantes para controlar cuidadosamente o número de animais:
1ª – as bactérias Nitrosomonas e Nitrobacter conseguem reciclar apenas quantidades reduzidas dos restos orgânicos e reproduzem-se de forma lenta. Podem utilizar o BioBacterM  
para incrementar a proliferação delas, neste produto heterotróficas com duas funções: removem rapidamente amónio / amónia/ nitritos e resíduos orgânicos prevenindo as algas.  
2ª - Os peixes marinhos são territoriais. Cada um delimita um espaço próprio e defende-o de novos inquilinos. Estes, quando chegados ao aquário têm de lutar pelo lugar que pretendem. Podemos ajudar mudando uma ou duas pedras (ou Corais) na decoração e distribuir alimento aos já residentes, 
antes de soltar as novas aquisições.

  
  • Alimentação
O aspeto mais importante da aquariofilia marinha, ao qual eu aplico a ‘regra de polegar’: Ao Mar o que é do Mar! Daí que uma alimentação cuidada seja uma das chaves do sucesso. Forneçam pequenas quantidades e confirmem que são consumidas rapidamente. Restos de alimentos não ingeridos devem ser retirados de imediato. Lembro-vos que uma dieta variada é essencial para que os Vossos peixes e outras espécies sejam saudáveis. Uma combinação de alimentos secos que podem ser conjugados com os liofilizados, aliados aos alimentos congelados que Vos garantam boa qualidade e quando disponível Artémia adulta viva. Peçam informações adicionais sobre os hábitos alimentares das espécies menos habituais.
A nível de elementos de traço (oligoelementos) aconselho o uso regular dos produtos abaixo:



Estrôncio
Cálcio
   
Magnésio
o estrôncio, o magnésio, o cálcio e o iodo, da Aquatic Nature, e mantenham sempre a noção de que é preferível alimentar pouco de cada vez e várias vezes ao dia ... e não muito de uma só vez e como sobremesa a nova dieta vegetal nori que podem encontrar de várias marcas.

  • A qualidade da água
O pH ideal da água salgada, situa-se entre os 8,0 e os 8,4. O sal da Aquarium Systems é uma boa escolha:







e está tamponado de modo a que obtenham estes valores aquando da respetiva dissolução. E o ‘mas’ disto está de facto existente nos casos de excesso de população ou de excessos de comida, que originam descidas do pH. Verifiquem-no pois semanalmente e se detetarem uma descida do mesmo, aconselho uma mudança de água de cerca dos 10% com a adição do kH plus M



Densímetro
   

tendo em atenção que não devem sujeitar os animais a correções superiores a 0,1 por dia.
A densidade deve oscilar entre os 1.020 e os 1.022 para um aquário com mais peixes e um pouco mais elevada até aos 1.025 para uma melhor adaptação de corais. Utilizem densímetros tradicionais de boa qualidade ou refratómetros.







Refratómetro



Se os valores forem superiores a 1.022 (geralmente devido à evaporação da água e porque não têm muitos corais), acrescentem água doce que já acondicionaram com o Aqua Vivo M, até obterem o valor correto. Evitem correções violentas e como já mencionei antes, façam-nas por etapas, ao longo de vários dias.
Os Nitritos (NO2), são a chamada fase intermédia da ‘transformação biológica’ de restos orgânicos de Amoníaco (NH4) para os menos tóxicos Nitratos (NO3). Os Nitritos, nos aquários novos, podem chegar às 10 ppm (partes por milhão). Com a estabilização das colónia das bactérias Nitrosomonas e Nitrobacter (que podemos acelerar com BioBacterM), estes níveis podem baixar para menos de 0,1 em cerca de 2 semanas. No caso de aquários já instalados convenientemente, passada pois a fase de maturação, este valor de 0,1 não deve ser ultrapassado.


Os fatores que podem provocar a subida deste parâmetro (e também de outros)
são o excesso de animais, comida não consumida ou animais mortos não retirados, filtro de fundo inadequado, espumador aquém do que precisariam (deixo aqui mais uma informação: calculem um espumador para o dobro do volume do aquário. Por ex: volume de água = 200 litros => Espumador para 400 litros) ou, o que também acontece, o uso indiscriminado de antibióticos.
Verifiquem pois, diariamente, escolham bons testes, a concentração de Nitritos se o Vosso aquário é novo. No caso de aquários antigos recomendo o controlo semanal. Caso haja subida dos valores, uma mudança de 10 a 20% da água é aconselhável. Nunca é demais lembrar que devem verificar se há restos de comida, falhas de oxigenação, filtros que pararam por qualquer motivo, ou restos de animais mortos que não foram retirados.
O Amoníaco (NH4) é um dos componentes dos dejetos dos peixes e da vida animal. No ciclo do Azoto (podem ver o diagrama do mesmo no ‘O pequeno Guia da Química da Água Salgada’) o Amoníaco é reduzido (ou se quiserem bio degradado) para Nitritos e finalmente para Nitratos, sendo estes utilizados como alimento pelas Algas Marinhas como a Caulerpa ou a Halimeda, ou outras que encontrem no mercado.
Quanto maior for o número de peixes, maior a quantidade de Amoníaco presente. Por isso o conselho de manter 1 a 2 peixes nas primeiras semanas, para que as bactérias colonizem os materiais filtrantes de modo a que possam reduzir o Amoníaco rapidamente. Taxas de 0,1 em aquários velhos, devem ser consideradas como o limite máximo, que, se atingido, pede uma mudança parcial de água.
Verifiquem sempre o Amoníaco, depois de introduzidas novas espécies.
Os Peixes, os Invertebrados e as Algas, consomem constantemente Oligoelementos. De modo a que possam manter uma boa qualidade da água, tornam-se necessárias as mudanças de água regulares, de 10 a 20% pelo menos uma vez por mês. Se usarem água da companhia, acondicionem-na sempre com o Aqua VivoM e BioBacterM. Quaisquer sinais de ‘stress’, dificuldades de respiração, perda de apetite ou movimentos desordenados, indiciam a necessidade de mudar pelo menos 10% da água. Entre as mudanças de água deverão utilizar de acordo com as instruções, os novos aditivos Aquatic Nature para água salgada, pois facilitam a reposição dos Oligoelementos.
A ou as luzes deverão estar acesas entre as 8 a 12 horas diárias, ligadas a um temporizador.

O Controlo para um aquário saudável

  • Parasitas
Os problemas mais comuns são o Oodinium ocellatum, o Cryptocaryon irritans (o Íctio de água salgada) e as Fascíolas (em inglês: Flukes).

  • Sintomas
Os primeiros sintomas de qualquer um destes parasitas, passam geralmente despercebidos à maioria dos aquariófilos. Tenham como hábito a observação diária e atenta dos Vossos animais. Um ligeiro roçar pelas decorações ou pela areia é um dos primeiros indícios. À medida que a infeção progride notará uma diminuição de atividade e perda de apetite. Poderá então aparecer o Oodinium, os olhos ficam baços e o peixe pode ficar como que polvilhado com pó de Talco, ou o Cryptocaryon, pequenos pontos brancos semelhantes a grãos de sal refinado. As Fascíolas só são detetáveis com um microscópio e os sintomas passam por dificuldades respiratórias (as guelras são atacadas), movimentos ondulatórios e visível perda de peso.

  • Tratamentos
Devem ser iniciados logo que suspeitem da existência de infeções. Devem no entanto desligar os filtros que utilizam Carvão e calcular o volume de água, multiplicando as medidas interiores do aquário (comprimento x largura x altura, em dm – decímetros, sendo o resultado final igual aos litros de água que têm no aquário). Não devem esquecer que as decorações, as rochas e a areia diminuem esse volume obtido e que provavelmente não têm o aquário cheio até cima. Podemos deduzir 10% ao valor que obtiveram e se as dúvidas continuarem o melhor é reduzir à dose do produto que vão aplicar.
A combinação de sulfato de Cobre com Cloreto de Cobre é deveras eficaz mas lembrem-se que os Invertebrados reagem mal com este produto, o Cobre, solução esta que Vos direi como a conseguir=produzir. Podem tentar isolar os Peixes e fazer o tratamento num outro aquário. É bastante eficaz contra o Oodinium e o Cryptocaryon numa concentração mínima de 0,15 a 0,3mg/litro, que deve ser controlada com um bom teste de Cobre (Cu). Volto a frisar que os Invertebrados e as Algas não toleram este produto e não devem ter Carvão nos filtros, devem desligar os Espumadores e caso tenham Ozono devem também proceder à sua inativação.
Quando terminado o tratamento, que poderá demorar de 17 a 21 dias, recomendo uma mudança de água, filtragem com Carvão e alimentos como Artémia, miolo de peixe, algas, ou outros.
Uma nota pessoal: não misturem produtos de várias marcas aquando dos tratamentos.

O Verde de Malaquite, em solução perfeita (procurem no mercado, perguntem nas lojas deste ramo) e na dose de 5ml para cada 80 litros de água, pode ser utilizado com cuidado (a observação das reações é importante) com Invertebrados e dever-se-á repetir o tratamento durante 5 dias. Para obterem melhores resultados devem aplicar o produto à noite, pois é fotossensível, já que a presença e consequente ação dos raios Ultravioletas (presentes quer na Luz do dia, quer nas Lâmpadas) sobre o Verde de Malaquite, resulta na neutralização deste, retirando-lhe portanto a eficácia pretendida.

O Nifurpirinol, antibiótico cerca de 7 vezes mais eficaz que a Tetraciclina, já está no mercado apresentado na forma de comprimidos, ou a Doxiciclina, são aconselhados contra as doenças bacterianas internas e externas dos Peixes, que podem ser reconhecidas pelos ventres inchados, escamas levantadas ou olhos salientes. Ainda posso acrescentar a natação irrequieta ou irregular, a coloração escurecida a falta de apetite e mesmo uma apatia total. Mesmo detetada tardiamente, o tratamento com um destes produtos ajudará e protegerá os Peixes que ainda não foram afetados. Uma forma de tratamento que experimentei, devidamente descrita nas instruções do produto (sera baktopur), é a dissolução de 1 pastilha em 2 litros de água e manter os Peixes afetados durante 30 minutos e depois voltam para o aquário onde a dose é de 1 pastilha para cada 50 litros de água. Não devem usar em aquários com Invertebrados.

Em qualquer tipo de tratamento antes descrito ou mencionado, não devem manter os sistemas UV (Ultravioletas) ligados, para além de que não devem deixar o Carvão nos filtros, devem desligar os Ozonizadores e principalmente não façam um ‘cocktail’ de produtos de marcas diferentes. Acima de tudo a Vossa paciência não deve ser substituída pela ‘pressa de resultados’.

  • Prevenção
Mantenham uma concentração de Cobre de 0,3mg/l. Verifiquem pelo menos uma vez por semana com bom teste de Cobre. Um modo eficaz de controlar os parasitas antes que atinjam níveis ou proliferação prejudiciais para os Vossos animais.
Quando adicionarem Peixes novos, mantenham uma concentração de 0,15 a 0,3mg/l como já referido anteriormente, pelo período mínimo de 17 dias (o que podem fazer num aquário apelidado de ‘quarentena’ ao qual passado este período, vão retirando água, 10 a 15% de cada vez, e acrescentam água do aquário para onde irão os Peixes, sendo que ao fim de uma semana já os poderão instalar na casa nova. Impedirão assim que os parasitas de que são portadores os Peixes novos, se multipliquem e ataquem outros animais.
Estas dosagens mostraram-se eficazes no combate à maioria dos parasitas de água salgada, sem prejuízos graves para as colónias de bactérias Nitrosomonas e Nitrobacter, que poderão sempre reativar com os Aqua VivoM e BioBacterM.
Evitem o uso indiscriminado de antibióticos diretamente no aquário, já que estes também destroem as bactérias nitrificadoras. As infeções bacterianas são, na maioria dos casos, reações secundárias ao ataque de parasitas, que destroem a camada protetora dos Peixes. Um controlo eficaz dos parasitas, torna desnecessário o recurso aos antibióticos. Recomendo a busca e aquisição de um ou mais bons livros sobre doenças de Peixes, em Inglês.
E, não se esqueçam, que a aquariofilia marinha, com uma ainda curta vida, permite as mais variadas opiniões (muitas vezes contraditórias) sobre como manter e tratar os Peixes e suas companhias. O objetivo destas linhas é permitir de uma forma lógica que, com o uso de produtos de fácil aquisição, que Vocês mantenham aquários saudáveis. Há quase tantos produtos como parasitas mas não se devem preocupar, pois não serão confrontados com situações impossíveis. As informações aqui expostas foram obtidas ao longo de vários anos de pesquisas, experiências e exames microscópicos, pois tive a honra e o prazer de conhecer o sr Gerald Bassler, o sr Dieter Untergasser e o sr Mark Wilson entre outros, para além de quase uma vida a cuidar de aquários e peixes (na ‘Aquapesca’, no ‘Palhaço’ e também na ‘Orni-Ex’) que permitiram emitir um parecer conclusivo sobre a eficácia de muitos produtos de tratamento.
O uso correto dos produtos mencionados permitir-vos-á a obtenção do prazer de manterem a flora e a fauna marinha nas Vossas casas.

Sempre ao Vosso dispor


buarquesense@gmail.com